TREINAMENTO NA INFÂNCIA

 (CRIANÇA PODE PRATICAR ATIVIDADE FÍSICA?)

 

A literatura abrange diversos contextos sobre o treinamento, contextos que envolvem desde os extremos de idade dos praticantes até os contextos que envolvem os níveis de performancedos praticantes.

Quando é perguntado sobre treinamento para pessoas adultas e saudáveis, as questões soam relativamente simples de responder. Atualmente há diversos estudos com populações especiais, que necessitam de determinadas observações na prescrição do treinamento em decorrência de doenças, e ainda, o campo de estudos sobre a prescrição para idosos é também bem ampla.

Entretanto, quando perguntado sobre a prescrição para crianças, os posicionamentos dos variados nichos da sociedade podem divergir, ainda assim há pontos em comum acordo e determinadas recomendações que devem ser seguidas.

Primeiramente, a criança pode praticar atividades físicas? A atividade física é uma prática de determinada modalidade esportiva ou de qualquer atividade que não seja necessariamente um esporte, porém não está em um nível de exigência e sistematização para ser chamado de treinamento, logo, sim, as crianças podem e devem ser estimuladas, mesmo que cedo, a prática de atividades físicas. Alguns autores pedagógicos e oriundos do desenvolvimento motor defendem que a iniciação deve ocorrer o mais cedo possível, o contato com a prática da atividade física possibilita um grande desenvolvimento do repertório motor da criança, melhorando todos os componentes de aprendizagem e faz toda a diferença na vida adulta, formando alguém com grande capacidade de coordenação e facilidade no aprendizado de novas habilidades físicas. O importante para crianças é obter um grande repertório motor.

Lembrando que temos como criança a faixa de idade de 3-8 anos. Mesma idade onde se inicia a prática da ginástica artística, judô e até de algumas modalidades coletivas.

Durante o processo de desenvolvimento da criança, a medida que ela vai adquirindo mais idade, ela passa por períodos chamados de “períodos sensíveis”. Esses períodos são fases que ocorrem em determinadas faixas etárias nas quais existem uma predisposição do organismo a desenvolver determinadas capacidades físicas, como força, velocidade, resistência, flexibilidade.

Durante esses períodos, pode-se iniciar pequenos componentes de sistematização, caracterizando o início de um treinamento, por exemplo: no período médio de 11-13 anos de idade até os 16 anos, é um período onde o organismo está propenso ao desenvolvimento da força e dos 8 aos 15 anos de idade, um período onde há uma predisposição do desenvolvimento da velocidade.

Evidentemente, mesmo se referindo a períodos que esses desenvolvimentos são facilitados, há cuidados que devem ser observados. Mesmo que para o desenvolvimento da força seja necessário mover carga, os primeiros contatos com o esse tipo de trabalho devem ocorrem primeiramente com o peso corporal, ou seja, a criança deve primeiro tornar-se forte com o próprio peso e posteriormente evoluir para carga externas. Também, a forma de execução não poder ser nada menos que perfeita, pois na fase de desenvolvimento é a fase de crescimento e nessa fase é necessário cuidados com ossos.

Muitas pessoas já escutaram sobre o treinamento de força na infância/adolescência impedir o desenvolvimento total dos ossos e “atrofiar” o crescimento. Isso não é nada mais do que crendice popular sem fundamento algum. O que acontece é que, os ossos quando estão em processo de crescimento estão o que consideramos “com as pontas abertas” essas pontas chamamos de epífises, e elas são responsáveis pelo crescimento do osso. Uma lesão grave, como quebrar, torcer a ponto de deformar o osso podem fazer com que essa ponta se feche e assim encerrando o processo de crescimento. Volto a dizer, para isso ocorrer a lesão precisaria ser tão grave a ponto o organismo cessar o processo de desenvolvimento, algo que beira a impossibilidade em um treinamento controlado e guiado por profissionais sérios.

Por fim, a prática da atividade física é algo muito recomendado por profissionais especializados no desenvolvimento da criança, a ponto de dizer que quanto antes, melhor, porém não deve ser confundido com especializar a criança a fazer uma coisa só, pois para crianças (até 8 – 10 anos) o importante é o repertório motor, brincar e aprender são as melhores recomendações pois tudo isso refletirá na coordenação quando adulto. E para os adolescentes, o treinamento de força faz bem sim, pois não afeta o crescimento dos ossos, pelo contrário, já é sabido que o treinamento de força melhora a densidade óssea e aproveitar os períodos sensíveis durante o crescimento faz com que seja aproveitado todo o processo de desenvolvimento das capacidades físicas. É preciso atenção no uso de cargas, que devem iniciar pela força com o peso corporal e evoluir para cargas externas, e essas, devem sempre ter uma pouco de “sobra” para que ocorra uma forma de execução perfeita.

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Prof. Mayck Soares

CREF 021968-G/SC

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